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Mensagens

A mostrar mensagens de 2009

Sem título

De regresso a casa, alguma melancolia, talvez pela quadra em que nos encontramos. O pensamento faz o seu percurso...percorre imagens e memórias. Texto: Clara Marchana

Feliz Natalis invicti Solis

Feliz nascimento, renascimento. Fotografia: " Renascer ", óleo sobre tela, de Enandil (Eduardo Fernandes Gil Gouveia-1951), pintor, designer, ilustrador, cenógrafo português.

"Falta"

"E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e ver filmes óptimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias a dormir e levantar-me para te ir buscar o café e brioches e folhados e ir ao Florent beber café à meia-noite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos...

Persistir numa utopia que se tornará real de tanto acreditar

Dias que passam devagar... Que esperamos? Quem esperamos? Godot és tu? "...When I am laid, I am laid in earth May my wrongs create no trouble, no trouble in thy breast... Remember me, Remember me but ah... forget my fate... "* O Godot não vem, não aparece, mas ela continua acreditar, a persistir no escuro, no silêncio, talvez numa idéia, numa utopia, mas que é a sua esperança, a sua verdade. E alguém aparecerá, não o Godot , mas um outro alguém que virá ao seu encontro trazendo uma mensagem, uma resposta. Texto: Clara Marchana * Dido and Aeneas, ópera de Henry Purcell (1659-1695)- " Dido's Lament"

"What's Hecuba to him?"

"What's Hecuba to him, or he to Hecuba, That he should weep for her? What would he do Had he the motive and the cue for passion That I have? He would drown the stage with tears, And cleave the general ear with horrid speech, Make mad the guilty and appal the free, Confound the ignorant, and amaze indeed The very faculties of eyes and ears." William Shakespeare, Hamle t , Act II. Scene 2.

Fritz Lang

Assisti a um ciclo de filmes de Fritz Lang (1890-1976), realizador austríaco que foi também argumentista e produtor, e sem dúvida um artista visionário. Aconselho vivamente uma visita pelas suas obras, para quem ainda não conhece, ou uma simples revisitação. Como disse François Truffaut " este homem não é só um artista genial, mas também o mais isolado e incompreendido dos cineastas contemporâneos".

Saudade

" A saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: Quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira, é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida ." Clarice Lispector (1920-1977)

Coisas fáceis

"Coisas fáceis, fazer um agrado, coisas fáceis, abrir um sorriso, coisas fáceis, estender os braços, coisas fáceis, agir com juízo, coisas fáceis, mostrar o caminho, coisas fáceis, dizer a verdade, coisas fáceis, cuidar com carinho, coisas fáceis, viver com vontade, são coisas pra se fazer, sem esperar recompensa, coisas pra se querer, coisas tão simples e tão difíceis de esquecer. Um abraço, um sorriso, um aceno, coisas fáceis, gestos tão pequenos, coisas fáceis." Coisas Fáceis , Jair de Oliveira

Feliz Aniversário ou Tanti Auguri

Celebrar a vida, entre sonhos, saudades, vontades, pensamentos, emoções, reflexões, memórias, alegrias, partilhas e agradecimentos. Texto: Clara Marchana

"Catch the joy as it flies"

Pinturas: Betty LaDuke (www.bettyladuke.com) " - O que andas a fazer com um caderno, escreves o quê?/ -Nem sei pai. Escrevo conforme vou sonhando./ - E alguém vai ler isso?/ - Talvez./ - É bom assim: ensinar alguém a sonhar." "Então, as letras, uma por uma, se vão convertendo em grãos de areia e, aos poucos, todos os meus escritos se vão transformando em páginas de terra." Mia Couto "Terra Sonâmbula"

Partiu sozinha

Ela deixou a casa onde tinha estado até àquele momento e partiu. Depôs as flores na terra em oferta, em agradecimento, aos lugares por onde tinha sido conduzida e até onde tinha conseguido chegar. Iniciou viagem. Não sabia bem para onde andar, por onde começar, mas fez um primeiro passo. Naquela manhã as coisas tinham outras côres, como se tivesse acordado sem véu, pois via tudo de forma diferente. Tinha sido ferida por uma espada na noite anterior, que a tinha atingido muito mais fundo do que das outras vezes, e ficara com uma cicatriz. -Existem cicatrizes bonitas!-pensou. Tinha acordado de um sono profundo, onde os sonhos a tinham levado para zonas escuras e fechadas à chave para que ninguém lá pudesse entrar, zonas que pensava ela, serem perigosas, mas que afinal eram apenas como os quartos de uma enorme casa, quartos que precisam que as portas e as janelas sejam abertas de vez em quando, para fazer circular o ar. Foi empurrada a prosseguir por um vento que soprou ...

Permanecer nas coisas simples

Deixa-me ser. Deixa-me permanecer nas coisas simples. Ter um bocadinho de espaço para que possa florir, ser eu, sem invadir, nem chatear ninguém. Texto: Clara Marchana "Sim, sei bem Que nunca serei alguém. Sei de sobra Que nunca terei uma obra. Sei, enfim, Que nunca saberei de mim. Sim, mas agora, Enquanto dura esta hora, Este luar, estes ramos, Esta paz em que estamos, Deixem-me crer O que nunca poderei ser. Fernando Pessoa, poeta e escritor português, (Lisboa, 13 Junho 1888- Lisboa, 30 Novembro 1935), "Sim, sei bem"

"Como um burro em frente a um palácio"

Às vezes os dias deixam-na presa às emoções. E ela não consegue abrir a boca num tempo prolongado, por manifestações incompreendidas, num corpo que fala, que se exprime, que dá impulsos, saltos, mas sem legendagem. Fica atónita perante tal acontecimento, incapaz de fazer seja o que seja, sem saber porque sucede. Deixa-se andar e observa de máscara neutra tal incompreensão, tal surpresa, boquiaberta perante o que não conhece. Texto: Clara Marchana

Emergir

Dia que amanhece, tristeza que acompanha, melancolia do passado, revoltas no presente mastigadas lentamente. Olhares no vazio, que se cruzam quando passeio pela cidade, uma cidade esgotada e seca. E eu não gosto quando não me respondes. Quantos mal entendidos conseguimos criar, tanta coisa que deixamos a meio, inacabada. Por isso prefiro não falar. Mas falaria de tudo abertamente, mas por vezes não o faço, espero um momento certo, espero sempre demasiado tempo, espero sempre tanto. Depois chego a pensar que há coisas que não devem ser ditas, devem permanecer indizíveis e pacientemente maturadas, transformadas, coisas onde somente o tempo poderá falar por si. Texto: Clara Marchana Fotografia: Zena Holloway

Transformações

Iluminura de Hildegard von Bingen (1098-1179) "The tree of life" Saudades de me sentir, de escancarar as portas e as janelas da minha casa, e bocejar enquanto vejo o pôr-do-sol. Envelhecemos porque nos fechamos e eu quero sentir o cheiro a terra molhada, rir de mim, rir para o céu, rir por falar sozinha e escutar-me a confessar à terra e às árvores as experiências que ainda não entendi, porque nos fecham envelhecemos, e eu quero abrir a porta, não quero fechá-la, quero abri-la ainda mais, arrancá-la da sua existência como porta, e fazer dela: mesa, jangada ou lenha para fogueira numa noite de São João. Texto: Clara Marchana

Sonha Sempre

S o n h a s e m p r e para tornar a vida mais real. Fotografia: Clara Marchana

Finibus Terrae

Depois de uma viagem até aos confins das terras italianas do sul, exactamente na província de Salento, regresso outra vez à cidade de Roma. Uma das coisas que me despertaram o interesse foi a música e as várias danças denominadas como Tarantella. As suas origens remontam, em algumas fontes históricas, à antiguidade clássica, aos cultos e mistérios Dionisíacos. Numa destas danças "La Pizzica", que para além de ser tocada nos momentos de festas familiares ou de comunidade, como qualquer uma das outras danças e músicas da Tarantella, chegou a ser considerada como a única medicina contra a mordedura de tarântula. Diz-se que nestas terras, há muitos anos atrás, o povo na sua maioria camponês, vivia basicamente da agricultura, durante a época de cultivo da terra, sem motivo aparentemente algum, sucedia a alguns deles sentirem-se mal e desmaiarem. Estas pessoas, nos dias seguintes, encontravam-se num profundo estado de transe contínuo e não apresentavam reacção nenhuma ao ...

Pequenas melancolias

Sabes, sinto saudades do Outono. Escorrego sem esforço, sem luta, por uma estrada que não sei para onde me leva. Texto: Clara Marchana Fotografia: Hugo Chinaglia

Dove è il Portogallo?

Situações caricatas sucedem-me neste país, do tipo, vou à esteticista, e ela pergunta-me simpaticamente, então de onde és, não és italiana, eu sorrio e respondo, não, sou de Portugal, sou portuguesa, de Lisboa, e ela responde-me com um sorriso, ah eu logo vi pelo teu sotaque espanhol! Bom está bem, penso eu, vou responder-lhe que Espanha não é Portugal, mas ela continua feliz o seu discurso, ah adoro a paella, e logo de seguida penso, como posso interrompê-la neste momento e dizer-lhe que está enganada, não posso estragar-lhe todo aquele seu prazer em falar de Espanha e na sua gastronomia, e continua, mas que fazes tu aqui neste país, no meio desta crise, os homens em Espanha são tão bonitos, ah e Barcelona que linda! Bem, entretanto desisti de tentar explicar-lhe fosse o que fosse, de lhe desfazer aquele prazer, e deixá-la envergonhada e embaraçada, então limitei-me apenas em sorrir e deixei-a continuar a exprimir os seus gostos, dizendo-lhe que sim, é verdade Barcelona é linda, q...

Casa acesa pela luz do sol

Ela sonhou que estava dentro de uma casa, mas que não era a sua, era a dele. Uma casa por onde o sol entrava em todas as suas frentes. Janelas e mais janelas semi-fechadas, mas por onde teimava furar a luz do sol. Uma luz que violava e acendia aquela casa. Ela espreitou por uma das janelas semi-abertas, e resolveu sair pela janela lá para fora. À sua volta, uma imensidão de terra, côr castanho fértil, com um enorme terreno lavrado de jovens vinhas, com troncos que se torciam e pequenos rebentos de folhas verdes a quererem impulsivamente sair, enquanto ao longe, o azul sereno do mar espreitava. Texto: Clara Marchana

Samba da Benção

Tinha acabado de acordar, um calor abafadíssimo, um Domingo previsível por uma certa moleza no corpo. Fui à varanda, de um 4°andar, e oiço uma canção que vinha da rua, de não sei onde. No Pigneto, bairro popular italiano, que se poderá dizer que é uma espécie de Bairro Alto aqui em Roma, e longe estava de escutar esta melodia. Mas de onde vinha? -Sei lá, não faço a mínima idéia, mas sabe bem. Tinha uma vontade de sair de casa, ir por ali a dançar e a cantar baixinho, perseguindo aquele som até o encontrar. Que sensação. Texto: Clara Marchana "É melhor ser alegre que ser triste Alegria é a melhor coisa que existe É assim como a luz no coração Mas pra fazer um samba com beleza É preciso um bocado de tristeza Senão não se faz um samba não Fazer um samba não é contar piada E quem faz samba assim não é de nada O bom samba é uma forma de oração Porque o samba é a tristeza que balança E a tristeza tem sempre uma esperança De um dia não s...

Bugigangas de amor

Hoje estou a precisar de me distrair. Quer dizer, de ficar sossegada e sussurrar ao teu ouvido tudo aquilo que me apetece dizer, que me vem à cabeça no momento, e todas as bugigangas de amor. Depois gostava que me afagasses os cabelos e escutasses o meu silêncio, a minha respiração e as coisas que não te digo, aquelas que não te chego a dizer. Vamos recriar o amor, fazê-lo brilhar como aquela estrela que estou a ver agora no céu ou como aqueles sonhos que não queremos acordar e queremos ficar a dormir mais um bocadinho. Só mais um bocadinho, dá-me só mais esse bocadinho de ti. Texto: Clara Marchana Fotografia: Maria Flores

Mais!

Mais inspiração Mais idéias Mais criatividade Mais imaginação Mais liberdade Mais sonho Mais invenção Mais renovação Mais criação Mais Poesia Mais! Texto: Clara Marchana

Eterno

Lisboa, Passo as tardes, passo dias longos em pensamentos e sensações de longa duração. Passo dias a olhar os momentos dos outros, como se fossem ou como se outrora tivessem sido meus, uns parecem ter-me pertencido num passado, alguns a um presente, existem ainda outros que a nada pertencem, e a esses ofereço apenas o meus ouvidos, os meus olhos como testemunha, como espelho de reflexão. Às vezes apenas olho e nada vejo, olho e espero o momento que se aproxima, em ondas que vêm e vão. Texto: Clara Marchana Fotografia: Zena Holloway

Quinze minutos

Lisboa, 13 de Maio Regresso às origens. Sabor a vento, sabor quente, doce sabor a memórias felizes, Pensamentos leves, com poucas sombras que correm atrás. Abraços que estavam à espera de serem consumados, à espera do seu momento, dos seus quinze minutos de fama. Texto: Clara Marchana Fotografia: Zena Holloway

Maria e Manel

"-Vamos embora Manel que são horas de ir embora, vá que eu canto-te uma canção pelo caminho. - diz a Maria para o Manel" Texto: Clara Marchana Fotografia: Robert Capa

Retorno

A ressonância das suas raízes fazem-na pôr-se a caminho em direcção à terra onde nasceu. Texto: Clara Marchana

Work in progress

W O R K IN P R O G R E S S Fotografia: Robert Parkettaharrison

Liberdade

Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não fazer! Ler é maçada. Estudar é nada. Sol doira Sem literatura O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como o tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor de tudo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. Mais quieto que isto É Jesus Cristo,  Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca...                                       Fernando Pessoa, in " Cancioneiro"

Amor cidade arqueológica

Tenho a sensação que o amor que se vive nesta cidade é arqueologia, e ao mesmo tempo, um pouco amor marginal, amor proibido, escondido, amor esquecido, remoto, que não respira, nem transpira. Nos olhares que se cruzam, não há brilho, o ar é profano, deturpado, cínico, enganador, e para sobreviver é preciso ser esperto, falso, vendedor, prostituto, a um tal ponto que se esqueceram de ver, de reparar na verdade do outro, deixaram de se reconhecer entre si. Aqui tudo se usa, tudo se confunde, tudo se vende, tudo pode servir para se chegar mais alto, já ninguém é genuíno, ou devem ser poucos, como são poucas as relações genuínas. Extingue-se a genuinidade, extingue-se a inocência, a espontaneidade, amor em vias de extinção. Na grande cidade-museu, na maior cidade arqueológica do mundo, o amor tornou-se arqueológico, enterrado, marginalizado, fora da lei, escondem-no porque se envergonham de o mostrar, porque se sentem expostos ao ridículo pensando ...

Sempre Tu

Mar que cresces para mim, cada vez que te encontro pelo sentir. Não sei como o fazes. Não te procurei, e nem sequer decidi ver-te, porque não o posso fazer. Mas mesmo assim causas-me este efeito à distância, convidas-me sem me convidar, fazes-te sentir, como se estivesses perto, muito perto. Texto: Clara Marchana

Senza parole

Sem palavras. Que fazer, quando somos acordados pela terra que treme? A surpresa mistura-se com a incredulidade de que esteja mesmo a acontecer. Mas quem esperava ser acordado durante a noite por um tremor de terra? A cama abana, o candeeiro balança, somos acordados pelo susto, pelo inesperado, o espanta-espíritos que se agita e canta, a cadela que ladra, os alarmes dos carros na rua que disparam, que gritam, saltamos da cama, caminhamos pela casa e sentimos o chão que nos abana, assustados tentamos manter a calma, Mas como? O pânico quer invadir, será melhor fugir a correr, sair de casa? Em segundos o teu corpo e mente percorrem emoções limite, de medo, susto, pânico, por segundos perdemos as referências e só pensamos em salvar-nos, parece que o instinto de sobrevivência entra em estado de alerta e põe-se a funcionar automaticamente. Quando tudo se acalma, o corpo ainda em estado de choque, continua a tremer pelo inesperado susto. Levamos algum tempo ...

Por serem tantas as palavras

Passaram-se alguns dias sem que eu tivesse a coragem para escrever. Faltaram-me as palavras, no meio de tantos assuntos, de tantos acontecimentos, de tantas histórias, tantas frases, e no meio de tanta coisa, faltaram-me exactamente, as palavras, não as encontrava, eram tantas, que não me deixavam espaço para escrever. Texto: Clara Marchana

Dia Mundial do Teatro

Help! Theatre, come into my rescue! I am asleep. Wake me I am lost in the dark, guide me, at least towards a candle I am lazy, shame me I am tired, raise me up I am indifferent, strike me I remain indifferent, beat me up I am afraid, encourage me I am ignorant, teach me I am monstrous, make me human I am pretentious, make me die of laughter I am cynical, take me down a peg I am foolish, transform me I am wicked, punish me. I am dominating and cruel, fight against me I am pedantic, make fun of me I am mute, untie my tongue I no longer dream, call me a coward or afool I have forgotten, throw Memory in my face I feel old and stale, make the Child in me leap up I am heavy, give me Music I am sad, bring me Joy I am deaf, make Pain shriek like a storm I am agitated, let Wisdom rise within me I am weak, kindle Friendship I am blind, summon all the Lights I am dominated by Ugliness, bring in conquering Beauty I have been recruited by Hatred, unleash all forces of Love.                         ...

Entre o impulso e a espera

Luta de resistências. Entre o impulso da acção e o saber esperar. Entre a necessidade e a crítica e o questionar essa mesma necessidade. Que luta desnecessária, penso eu, mas ao mesmo tempo, parece-me que se esta luta existe, se está aqui, bem presente, a fazer-se sentir, terá de ser por alguma razão. Mas que coisa tão pessoal e, ao mesmo tempo, tão interna, tão minha. Que importância terá? Se quando olho o exterior parece-me apenas uma tempestade num copo de água, ou uma coisa pequenina, como um miar de uma gato acabado de nascer. Sinto coisas tão fortes e tão antagónicas entre si. Como se faz a sua fusão? Não deve ser possível. E se não é possível, poderá estar-se assim, neste jogo de forças, por quanto tempo? Chegará um momento em que se dissolverão uma na outra, atingindo a perfeita fusão? Texto: Clara Marchana

Dia e noite com a mesma duração

O Equinócio, início da Primavera, foi ontem dia 20 às 11h44m. A palavra é de origem latina e significa "noite igual ao dia" o que quer dizer que nesta data o dia e a noite têm a mesma duração. "Equinócio: instante em que o Sol, no seu movimento anual corta o equador celeste."

Raízes

Ela caminha com as suas raízes de fora, arrasta-se, sem ter ainda encontrado a terra justa para plantar o seu ser. E que sensação essa, a de caminhar assim, exposta às fragilidades, às falibilidades próprias e inerentes ao ser humano, ao cansaço. Medrosa. Sobrevive às intempéries com uma coragem que não sabia que existia, com uma fé que lhe aquece, todos os dias e inexplicavelmente o coração e a alma. Texto: Clara Marchana

Warum? Porquê? Perchè? Pourquoi? Why?

Esta fotografia encontra-se hoje na primeira página do jornal português Público online. Foi na Alemanha, a inesperada tragédia, o segundo país a seguir aos Estados Unidos que mais casos tem deste tipo de violência. Também me questiono. Não entendo o tempo em que vivemos, uma "sociedade" que continua e que quer continuar a criar disfunções. O que é que será preciso mais acontecer? Paz nos corações. Texto: Clara Marchana Fotografia: Fabrizio Bensch

Lágrimas

Sobre as lágrimas que lavam, que limpam, que escorrem e desaguam por ruas desconhecidas, a essas me dirijo com agradecimento. Lágrimas que protegem, lágrimas criativas, que transformam a frieza e nos fazem despertar. Texto: Clara Marchana [...] O escritor irlandês C. S. Lewis, chegou a escrever sobre um frasco de lágrimas de criança que curava qualquer ferimento com apenas uma gota. [...] ESTÉS , Clarissa Pinkola , Mulheres que correm com os lobos, Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem , editora Rocco , Lisboa, 2004

Dia Internacional da Mulher e Natália Correia

A defesa do poeta Senhores jurados sou um poeta  um multipétalo uivo um defeito e ando com uma camisa de vento ao contrário do esqueleto Sou um vestíbulo do impossível um lápis de armazenado espanto e por fim com a paciência dos versos espero viver dentro de mim Sou em código o azul de todos (curtido couro de cicatrizes) uma avaria cantante na maquineta dos felizes Senhores banqueiros sois a cidade o vosso enfarte serei não há cidade sem o parque do sono que vos roubei Senhores professores que pusestes a prémio minha rara edição de raptar-me em criança que salvo do incêndio da vossa lição Senhores tiranos que do baralho de em pó volverdes sois os reis sou um poeta jogo-me aos dados ganho as paisagens que não vereis Senhores heróis até aos dentes puro exercício de ninguém minha cobardia é esperar-vos umas estrofes mais além Senhores três quatro cinco e Sete que medo vos pôs por ordem? que pavor fechou o leque da vossa diferença enquanto homem? Senhores juízes que não molhais a pena na t...

Toccare il cielo con le mani

Às vezes tocamos o céu com os dedos das nossas mãos. Mexo nas nuvens, faço desenhos, pego numa estrela e mudo-a de lugar, e finalmente toco na lua e no sol, sempre quis saber como era, desde criança. Que sensação essa, quando te aproximas da harmonia. Tudo se reconcilia e ganha sentido. Texto: Clara Marchana

Escutar, ouvir, sentir

Reentremos dentro de nós  para nos escutar melhor. "Transformarmo-nos para podermos gradualmente transformar o mundo de um modo mais eficiente e deste modo criarmos uma sociedade mais compassiva e harmoniosa."                                                              Sua Santidade o Dalai Lama (Para quem queira conhecer, sentir ou tenha simplesmente a curiosidade de ler e ouvir, podem visitar: www.dalailama.com)

Nos bolsos das calças

Partem-se os vidros da ilusão, espalham-se em cacos e descobrimos mais tarde por uma coincidência do acaso ou por uma tomada de consciência espontânea que o que nos estava magoar, eram aqueles pequeninos cacos de vidro coloridos que tinham ido parar aos bolsos das calças. Como lá foram parar, é que não sei. Texto: Clara Marchana

Hope

E quando tudo parece sem saída, é preciso manter firme a esperança. Porquê ter medo? Porque não nos deixamos ajudar? Porque não ajudamos? Porque não nos damos ao outro? Porque não partilhamos e mostramos o nosso lado menos bom? Porque é que não acolhemos o lado menos bom do outro? Porque não damos o nosso melhor? Porque deixámos de acreditar em milagres? Porque deixámos de acreditar e de praticar o simples acto de acreditar? Porque não nos aproximamos de nós mesmos? Porque não nos aproximamos do outro? Existem dias onde só fazemos perguntas. Talvez existam também, dias onde só recebemos respostas. Texto: Clara Marchana Obra: Evelyn de Morgan " Hope in a Prison of Despair "

"SEE WHAT THE WORLD IS SAYING"

" Change Me ,  an open conversation we initiated to bring people together to share ideas through powerful imagery.   As part of this campaign, thousands of people from around the world selected photographs from  Getty Images that inspired them and had the ability to touch the people who viewed them." "A forum in which people use powerful images to share their thoughts on how to make the world a better place. Getty Images is lauching an online community to further those efforts as well as raise awareness on the state of the world by leveraging the power of imagery. MWO photographer, Greg Lutze, part of Wonderful Union ( formerly Asterik Studio ) worked with the Getty Images team to produce this innovative website." (http://changeme.gettyimages.com/)

A próxima paragem

Saiu na primeira paragem que o autocarro fez, não queria continuar aquela viagem com aquele pavor, o condutor conduzia a uma velocidade inacreditável. E assim que o autocarro parou ela saiu o mais depressa possível, queria pôr-se a salvo daquela aventura que mais parecia estar a andar na montanha russa da feira popular. Tinha saído numa praça de uma pequena aldeia desconhecida. Ela cobre o rosto com um véu azul transparente e tem um chapéu de palha na cabeça, olha as pessoas que estão ao seu redor e apercebe-se de que algumas a observam com curiosidade, talvez pela forma como se encontra vestida, talvez por não ser dali, ou talvez por outra coisa qualquer. Sozinha na paragem do autocarro da aldeia, já não sabia como tinha ali chegado. Andaria ela a fugir de alguma coisa? Já não era importante saber, o que era importante era continuar aquela viagem ao encontro do seu destino que ainda não sabia bem qual era. E assim que apareceu um outro autocarro, meteu-se dentro dele, sem saber a sua ...

Ibid., Idem ou Op. Cit.

Pode ser só uma sensação, mas parece que me repito, nos meus textos, as mesmas palavras, os mesmos pensamentos, as mesmas canções, é como ler um livro e permanecer na mesma página durante dias e dias, preciso de renovação. (Agora que a voz já me quer falar e que a ouço manifestar) Texto: Clara Marchana

Torneira aberta

Era manhã. Ela levantou-se para ir à casa de banho, passou o corredor e abriu a porta. Quando entrou reparou que a única coisa que existia era a banheira. Esfregou os olhos e olhou melhor e eis que começou a sentir água nos pés, nos tornozelos, e que lhe chegava afinal até aos joelhos, a sua casa de banho estava inundada, a banheira transbordava de água, estava completamente submersa, olhou à sua volta para tentar compreender o que se estava a passar, se calhar ainda estava a dormir e tudo aquilo fazia parte do seu sonho, se calhar era isso, um sonho, mas não, era real, bem real, a sua casa de banho estava a ficar completamente inundada, sentia-se a Alice do País das Maravilhas , no momento em que come o bolinho e aumenta de tamanho e que assustada, começa a chorar tanto que as suas lágrimas a fazem encolher ao ponto de chegar a nadar no rio das suas próprias lágrimas, o que depois na verdade lhe valeu o bastante, para conseguir entrar onde queria, onde a sua ...

Emoção em segredo

Vem água, chuva, mar, rio, venham em forma de sussurros despercebidos ao luar. Subam até à varanda do quarto andar, que está cheia de plantas, flores, regadores, e deixem-me sentir, deixem-me curar o que não sei tratar. Texto: Clara Marchana Fotografia: Rex Ray

Amena esperança

Um vento ameno que sopra forte de vez em quando. Sonhamos que vamos conseguir, e isso dá-nos uma vontade muito ligeira de sorrir para dentro. Já olho para o exterior com outros olhos. Sei que a estrada é por aqui, e que não poderia ser melhor o sítio, na casa das estradas, na mãe de todas. Texto: Clara Marchana