A próxima paragem


Saiu na primeira paragem que o autocarro fez, não queria continuar aquela viagem com aquele pavor, o condutor conduzia a uma velocidade inacreditável. E assim que o autocarro parou ela saiu o mais depressa possível, queria pôr-se a salvo daquela aventura que mais parecia estar a andar na montanha russa da feira popular.
Tinha saído numa praça de uma pequena aldeia desconhecida. Ela cobre o rosto com um véu azul transparente e tem um chapéu de palha na cabeça,
olha as pessoas que estão ao seu redor e apercebe-se de que algumas a observam com curiosidade, talvez pela forma como se encontra vestida, talvez por não ser dali, ou talvez por outra coisa qualquer.
Sozinha na paragem do autocarro da aldeia, já não sabia como tinha ali chegado.
Andaria ela a fugir de alguma coisa?
Já não era importante saber, o que era importante era continuar aquela viagem ao encontro do seu destino que ainda não sabia bem qual era.
E assim que apareceu um outro autocarro, meteu-se dentro dele, sem saber a sua destinação, sem saber nada.
Depois ficou a pensar, já sentada no banco, se sairia uma vez mais na próxima paragem, pois também não gostou da forma como o condutor conduzia, demasiado rápido para o seu gosto.
Não queria fazer uma viagem inteira assustada, com aquela sensação inquieta de comichão nervosa em divagações e análises sobre controlos velocidade e medo. E arrepender-se depois dizendo para si mesma que deveria ter saído, e que uma vez mais se deveria ter escutado.

Texto: Clara Marchana

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