Existem períodos que nos sentimos assim, sem nada a dizer, sem saber o que exprimir. Talvez seja tanto o que se tem para falar que não nos decidimos pelas palavras, vamos guardando no baú as coisas que ficam por dizer, aguardando o momento certo, e o tempo vai passando, e o momento certo se calhar também, um dia abrimos o baú, e saltam de lá todas as palavras, palavras que puxam histórias, e histórias cada vez mais longas. E o que fazer com esta confusão que salta à nossa volta? Podemos continuar sem abrir a boca, adiando mais uma vez as conversas, os gritos, os segredos, as confissões, os desabafos, os choros, o dizer que te amo, e às vezes até o rir, por receio que alguém se lamente, por se cantar sempre a mesma canção, ou então como um fruto, que ainda é verde, que só se pode colher no momento certo, e pensamos que talvez seja melhor continuar a esperar. A matéria de que se trata, por vezes, é densa e difícil de se tornar palavra, matéria pouc...