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Pensamento em risco

Pensamentos rasgados, riscados,
pensamentos que se escondem com receio de serem magoados, porque não se assumem, não se mostram.
Pensamentos escorregadios, em risco de queda.
Visto o meu casaco preto comprido na cidade,
e começo a voar, mas ninguém me vê, ninguém acredita.
Pego em dois transeuntes e levo-os comigo, digo-lhes para acreditarem, que podem também fazê-lo, apenas é preciso acreditar.
Eles olham-me, não sorriem, incrédulos.
Continuo a alimentar a chama da crença enquanto passeio pela cidade enquanto passam por mim pessoas que correm seguras aos seus destinos.
Continuo a dizer baixinho para mim, eu acredito, eu acredito, eu acredito, para não deixar morrer a esperança e a vontade.

Texto: Clara Marchana

Comentários

Anónimo disse…
Lindo!!!!
p.
merce disse…
Yo tambien creo, creo, creo...
y me envuelvo en sueños que se convierten en realidad.

Bendita fé.


Inspirador texto.


Un abrazo Clara.
Clara Sofia disse…
Gracias Merce.

Un abrazo*
Luciana Onofre disse…
Dia 12 de outubro lançaremos os textos para a blogagem coletiva:


Quem é o Rei da sua casa?


Para saber mais visita Da Casa.

http://delakasa.blogspot.com/2010/10/blogagem-coletiva-quem-e-o-rei-da-sua.html


Grata,

Luciana
Ana Carvalho disse…
Clara! andaste desaparecidaa ;)
é lindo o texto! consegui ver-te a voar. Eu acredito.
Beijos
AC disse…
A propósito do que escreve, permita que lhe deixe um pequeno texto que escrevi há poucos meses...

Lá longe, onde as montanhas mantinham um reduto quase inacessível, a corça cultivava as asas que nunca iria usar. Mas acreditava que iria voar, e isso fazia toda a diferença.
Quando as crias nasceram, incutiu-lhes o mesmo credo. E, passado um tempo, uma delas começou a ganhar asas. Porque acreditava nisso.
Quando a corça começou a voar, as irmãs censuraram-na. Porque eram corças.
A corça voadora, pegando na trouxa, zarpou para outras paragens. Talvez noutra latitude houvesse outras corças aladas.

Espero que tenha gostado.
Beijo :)

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