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Porta de fogo


Quem és tu, ó guardião, mensageiro dos deuses, deus dos cervos, força de Marte, que chegas de repente, arrombando todas as portas, entras sem avisares que chegas?
Abri um pouco mais a porta entreaberta para ver quem era, e assim que a abri, o efeito foi de desarrumação.
Torno a arrumar tudo rapidamente vezes sem conta, e vezes sem conta tudo se desarruma. Talvez tenha de ficar tudo desarrumado por uns tempos, para poder novamente arrumar, mas de uma nova forma.
Não estava à espera que isto acontecesse, nem esperava que fosse este o efeito.
Apareceste e desapareceste, numa pequena viagem mágica e passageira, mas assim que poisaste na minha terra, o lugar abriu-se e pertenceu-te, talvez te tenha sempre pertencido, tem a tua forma. O eco daquele lugar, confessou-me, sussurrou durante a noite nos sonhos, que aquele lugar também é a tua terra.
Agora fico à espera que voltes. Só assim se poderá completar o movimento.

Texto: Clara Sofia

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