Este homem esconde o coração. Enquanto fala, enquanto olha, sentado à mesa, sobre uma das suas últimas viagens, tem o coração numa das mãos e esconde-o com um braço atrás das costas. Porque razão? Será que o esconde ou espera apenas o momento certo para o revelar? Parece que o quer dar, mas não consegue. Tem um cão que se chama Zé, que o acompanha sempre para onde quer que vá. Ao que parece é músico, pianista, viaja pelo mundo mas tem medo de sonhar. Nada de especial, apenas isto, no final acaba por contar pouco das suas viagens, fala pouco, mesmo que inicialmente pareça ser extrovertido e falador de páginas prolongadas, explode apenas por poucos segundos com grande expressão ou com uma afirmação convincente e depois apaga, desliga, como se desaparecesse do lugar onde se encontra, e quem está por perto, de boca aberta e olhar expectante, tem a sensação que se calhar alucinou com alguma visão dele, quem o escuta nem sequer tem tempo de entender que ficou por ali a história do homem viaj...
Fragmentos.