Existência de um significado nas coisas
Ela chorou o dia todo, não sabia como dizer as coisas para ser entendida,
Um certo cansaço, uma certa confusão tomavam agora conta dela
Fechou-se na casa de banho e rendeu-se ao choro,
Olhou pela janela lá para fora mas não sabia o que fazer, o que pensar, os olhos encharcados em lágrimas lavavam-lhe o rosto, caiam-lhe para as mãos apoiadas nas pernas e escorregavam até aos pés. Parecia que tomava banho nas suas próprias lágrimas.
Como encontrar aquilo que procurava, como se encontrar, o que fazer na vida que lhe pulsava e que sentia intensamente, se a maior parte das coisas que estavam à sua volta não lhe mostravam um sentido? Não encontrava referências, nem identificação.
Apenas sabia ou sentia, pressentia um significado para tudo aquilo mas talvez ainda não fosse o tempo certo para lhe ser revelado.
Era guiada no escuro, de olhos vendados, por um caminho que a iniciava, mas sem certeza de nada, sem saber onde desaguava.
Mas tinha fé, muita fé.
Tinha fé na existência de um significado das coisas.
Texto: Clara Marchana
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