Lisboa, Após esta longa ausência, numa exaustiva viagem de regresso a casa, num percurso que ainda não se deu por terminado, neste voltar que levará o seu tempo, onde a raíz sem-abrigo não consegue agarrar facilmente a terra onde outrora nasceu e cresceu, mas que quer voltar, voltar tocar, voltar a sentir, enraizar. Leve sussurrar da terra mãe que a chama, que a quer abraçar com a sua força. A raiz fraca de tanto se ter deixado errar pelo mundo, estende agora a mão, o braço, o corpo cansado, meio perdido, e deixa-se entregar, deixa-se cair. Milagre talvez nesse eterno retorno que nos faz entrar nos ciclos, círculos infinitos de renovação da vida. Texto: Clara Marchana