Dia chuvoso, existe uma certa beleza neste tipo de dias, ao menos para ela que gosta de dias chuvosos. Entrou no café, naquele que vai todos os dias ou quase todos, à mesma hora, e apenas uma mulher sentada numa das mesas, que lia um livro sossegadamente, enquanto enrolava os cabelos com os dedos. Hoje sentia-se um pouco distante daquele lugar, ou talvez um pouco distante de tudo em geral, imersa em qualquer coisa sem definição nenhuma, não percebendo bem de onde vinha a sensação, tinha acordado assim simplesmente. Assistia apenas ao desenrolar daquilo que a rodeava, a mulher do livro que mudava de vez em quando de página, gente que passava na rua com os chapeús de chuva abertos, uma mulher que entra no café com um bébé transportado num pano enrolado ao peito, coberta por uns lindos xailes de lã em tons de creme, que troca um sorriso com a rapariga que escreve, e pede à empregada uma garrafa de água, empregada esta que não é a mesma dos outros dias, será uma outra, substituta,...