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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2010

Que assim seja

Que a Esperança nos nos banhe e renove de dia para dia neste Novo Ano que se aproxima. Agradeço a todos aqueles que passam por aqui. Bem hajam.

Um poema

Poema II " O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda, E de vez em quando olhando para trás... E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto, E eu sei dar por isso muito bem... Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras... Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo... Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele Porque pensar é não compreender... O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos) Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso, Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe por que ama, nem o que é amar... Amar é a eterna inocência, E a única inocência é não pensar..." Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos Imagem: ...

Feliz Nascimento

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1 história por dia #7 ou frio de luz

Apenas frio e nada de novo. Saiu de casa cheia de roupa vestida, em direcção ao café do costume. Desencantada olhava à sua volta. Quanto aspirava aos dias em que sente que tudo crepita de vida e mistério, verdade e curiosidade com uma vontade de conhecer recíproca quando se cruza com um outro alguém, também curioso, também aprendiz de vida, também desperto, sem a máquina rotineira carimbada no rosto. Que se passa, pensava ela, que coisa vazia, tão descomprometida, enquanto olhava em redor, nem uma troca de um único olhar vivo, em acção, um momento ou movimento em respiração pintado de vida. Depois de tomar café volta a casa mais desencantada, mas aceita que em cada dia, em cada sombra, reside um grão de luz. E o que é a sombra senão ausência parcial de luz proporcionada pela existência de um obstáculo. Texto: Clara Marchana Imagem: Iman Maleki , pintor iraniano nascido em 1976 no Teerão

1 história por dia #6 ou ruído

Às vezes o barulho é tanto, abusivamente ruidoso, que não resta senão ficar com a impossibilidade de se tentar escutar seja o que seja. Foi interrompida nos seus pensamentos em contrariedade, por uma rapariga que lhe pedia para se sentar na mesma mesa. Hoje o café estava cheio com as mesas todas ocupadas. -Claro que sim- acenou ela com a cabeça. Depois de tomar o pequeno-almoço a rapariga levantou-se, sorriu-lhe e foi-se embora, ela voltou a ficar sozinha, girando-se novamente para os seus pensamentos mal-dispostos. Texto: Clara Marchana

1 história por dia #5 ou recomeço

Dia chuvoso, existe uma certa beleza neste tipo de dias, ao menos para ela que gosta de dias chuvosos. Entrou no café, naquele que vai todos os dias ou quase todos, à mesma hora, e apenas uma mulher sentada numa das mesas, que lia um livro sossegadamente, enquanto enrolava os cabelos com os dedos. Hoje sentia-se um pouco distante daquele lugar, ou talvez um pouco distante de tudo em geral, imersa em qualquer coisa sem definição nenhuma, não percebendo bem de onde vinha a sensação, tinha acordado assim simplesmente. Assistia apenas ao desenrolar daquilo que a rodeava, a mulher do livro que mudava de vez em quando de página, gente que passava na rua com os chapeús de chuva abertos, uma mulher que entra no café com um bébé transportado num pano enrolado ao peito, coberta por uns lindos xailes de lã em tons de creme, que troca um sorriso com a rapariga que escreve, e pede à empregada uma garrafa de água, empregada esta que não é a mesma dos outros dias, será uma outra, substituta,...

1 história por dia #4 ou impasse

- Oggi non esco, non vado al bar. Imagem: Jumbos.Org

1 história por dia #3 ou Amantes

Assim que ela entrou no café, foi assaltada por uma imagem, que vinha de uma das mesas, dois corpos entrelaçados, num fogo lento de amor e beijos silenciosos, como se estivessem escondidos um no outro, não dando para perceber bem onde começava um e terminava o outro. Este quadro destoava totalmente do ambiente daquele café, como se não fizesse parte daquele conto, talvez porque não estejamos habituados a ter visões destas a cada esquina de rua por onde passamos. Mas ali estavam eles, homem e mulher em ilha prazerosa. Não se detendo com esta visão fugitiva, a rapariga continuou o seu percurso e propósito, sem se aperceber o quanto aquela visão se tinha instalado e ocupado algum lugar numa qualquer parte dentro de si. A rapariga dirigiu-se ao balcão, pediu o café do costume, e enquanto esperava, a mesma imagem, iluminou-se de surpresa, como se quisesse entrar, como se precisasse que alguém olhasse para ela. Uma curiosidade nascia fazendo-lhe alguma comichão. Quem eram os forasteiros? De ...