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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2008

Estou cansado

                                                                 Fotografia de Cesar Augusto Estou cansado, é claro, Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. De que estou cansado, não sei: De nada me serviria sabê-lo, Pois o cansaço fica na mesma. A ferida dói como dói E não em função da causa que a produziu. Sim, estou cansado, E um pouco sorridente De o cansaço ser só isto - Uma vontade de sono no corpo, Um desejo de não pensar na alma, E por cima de tudo uma transparência lúcida Do entendimento retrospectivo... E a luxúria única de não ter já esperanças? Sou inteligente; eis tudo. Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá, Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.                                                                      Álvaro de Campos

Navegar é preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso". Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engradecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.                                                                                                                                                      Fernando Pessoa

A Arquelogia do Amor II

O Amor anda por aí. Escondido. Parece que passa despercebido. Mas revela-se aos poucos aos olhos e corações mais atentos. Fotografia: Clara Marchana "Pigneto" Texto: Clara Marchana

O teatro de Pina

"Se faço teatro ou dança? É uma questão que nunca coloco a mim própria. Procuro falar da vida, das pessoas, de nós, das coisas que mexem connosco... E há coisas dentro de uma certa tradição da dança que já não se podem dizer: a realidade nem sempre pode ser dançada, não seria eficaz, não seria crível. (...) Tenho um respeito enorme pela dança e talvez por isso não a utilize muito. Procuro simplesmente uma forma para exprimir o que sinto e pode acontecer que esta forma não tenha nada a ver com a dança. Penso que dentro das pessoas com quem trabalho existe muita dança, até quando não se mexem." ( in O teatro de Pina Bausch , de Leonetta Bentivoglio, Acarte, 1994, Lisboa)

Um provérbio

"Depois da tempestade vem a bonanza." Provérbio português

Teatro India, Roma

Fotografia: Clara Marchana

"La più bella fidanzata del mondo sta piangendo"

"... la più bella fidanzata del mondo sta piangendo ..." dizia ontem à noite, o actor em cena, no espectáculo Il sentiero dei passi pericolosi , texto belíssimo, do autor canadiano (Québec) Michel Marc Bouchard. Ontem à noite no Teatro India no Festival Short Theatre, em Roma. Fotografia: Clara Marchana

Il Parco della Caffarella

O parque onde vou correr. Fotografia: Clara Marchana

Exercício da esperança

Exercito os músculos da crença Tento acreditar nesta cidade mas parece-me uma cidade abandonada pela senhora esperança e pela senhora fertilidade. Texto: Clara Marchana

Esconderijo

Hoje escondi-me porque estava triste Deixo-me guiar Tento acreditar Texto: Clara Marchana

Mais de mim

Todos os dias devo escutar um pouco mais de mim.

Città degli angeli caduti

Roma a cidade que se metamorfoseia aos meus olhos, Roma a cidade quimera dos anjos caídos, Roma a cidade que foi puta mas que agora se converteu, Roma que se altera, transforma e representa como um actor o personagem lhe mandam executar, Roma a "cidade poesia" camuflada de miséria, Roma a cidade disfarçada, que cobre com um manto negro a sua fragilidade com medo que a possam ver. Texto: Clara Marchana Fotografia: As Asas do Desejo (1987), filme de Wim Wenders